A fraqueza da graça...
- Amin Rodor
- 11 de fev. de 2016
- 2 min de leitura

Falar de “fraqueza da graça” pode parecer um absurdo. De que fraqueza poderia a graça ser acusada? Afinal, não é precisamente a graça o poderoso instrumento escolhido por Deus para regenerar rebeldes e transformar inimigos? Por estranho que pareça, assim como o amor, a graça sofre de uma imponderável fraqueza: pode ser rejeitada. As Escrituras estão pontilhadas por aqueles que rejeitaram a oferta da graça. Em relação a isso, não há absolutamente nada que Deus possa fazer. Seu enorme poder torna-se paralisado diante da rejeição. Considere a vida de Judas. Seu nome é uma variação de “Judá”, que significa “o Senhor guia”. Porém, ninguém foi mais guiado pelo diabo do que ele. Nas listas dos apóstolos, seu nome é sempre qualificado com um epitáfio acusador: “Aquele que traiu o Senhor.” É comum ouvir pessoas expressarem simpatia por Judas, particularmente depois da descoberta do evangelho apócrifo atribuído a ele, popularizado pela revista National Geographic. Judas passou a ser visto como um tipo de herói. É assim que Rubem Alves, erudito teólogo e psicanalista, o descreve em seu livro intitulado Pimentas. Outros alegam que Judas apenas cumpriu as profecias. Mas as profecias da traição de Cristo estão baseadas na presciência divina, não em predestinação. Nenhum dos evangelhos isenta Judas de sua culpa. Ele é mantido como responsável por aquilo que fez. Não há sugestão de que ele não fosse livre ao escolher. Por sua permissão, “entrou nele Satanás” (Jo 13:27). O livro de Atos refere-se à iniquidade de Judas (ver At 1:18). Jesus o considera responsável por suas ações (Mt 26:24; Mc 14:21). No Cenáculo, Jesus, num dramático apelo, serve-lhe um pedaço de pão molhado com vinho, símbolo de Seu sangue. Apelo desconsiderado! O supremo cinismo de Judas é demonstrado quando ele escolhe trair o Senhor com um beijo. O beijo nos pés era reservado aos escravos. O beijo nas mãos, a marca de respeito dos estudantes. O beijo na face, prática entre amigos. Judas utiliza um símbolo da amizade como método de destruí-la. Esse era o beijo da morte! Não a morte de Cristo, mas de sua própria. A culpa de Judas é, sobretudo, vista no fato de que, afinal, é ele mesmo quem se condena (Mt 27:3-5). A história de Judas é o gélido e sinistro exemplo de que todo aquele que rejeita a oferta da graça caminha para a própria destruição.
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